Cidade
Tradicional da Saúde, Armazém 437 deve mudar de bairro 'para não fechar' por pouco movimento
O restaurante tem 40 anos no local, mas enfrenta dificuldades que se agravaram desde a pandemia
Foto: James Martins / Metropress
Fundado em 1984, portanto há 40 anos, o Armazém 437 é um dos mais tradicionais restaurantes do bairro da Saúde e de Salvador. Sua identificação com a vizinhança é tanta que está até no nome, registro do número da casa: Rua Jogo do Carneiro, 437. Porém, a queda no movimento e o agravamento das dificuldades radicalizadas pela pandemia, podem tirar o estabelecimento de seu lugar, como medida de sobrevivência. "Pela lógica, era pra fechar. Não temos como segurar as contas. Mas estamos lutando e mudar de ponto é a alternativa mais racional", diz o proprietário Lúcio Flávio, em conversa com o Metro1.
Segundo ele, atualmente o restaurante opera com apenas 20% do movimento normal. "Já tivemos 22 funcionários trabalhando, fora a família, que dava um contingente de 26 pessoas. Hoje são somente 5 funcionários e o consumo nem cobre esse custo", lamenta. Para Lúcio, falta um planejamento estratégico, por parte dos governos (federal, estadual e municipal) para salvar o setor de serviços, que vem sofrendo ainda com dívidas contraídas no período da pandemia. "É preciso uma renegociação justa, sensível à realidade. O setor foi abandonado", diz.
E completa: "O ideal é uma redução do valor da dívida, parcelamento, sob o compromisso de gerarmos empregos. Aqui, inclusive, o IPTU é caríssimo, pois é considerada área nobre. Na verdade devia haver, pelo menos, um desconto, por preservarmos o patrimônio histórico. Só nesse ponto eu investi quase 1 milhão de reais".
Referência no centro histórico, o restaurante pode migrar para a Ondina.
Diante da queda na frequência do público, por diversos fatores, dentre os quais ele aponta falta de estacionamento, o empresário fez uma enquete para saber em que outro local a clientela gostaria de ter o Armazém 437. O vencedor foi o bairro da Ondina. "Assim que achar um outro ponto, eu saio daqui, apesar de ser com dor no coração, pois na Saúde está a nossa história", afirma.
O estabelecimento começou como um boteco, que Seu Zé, pai de Lúcio, arrematou em troca do seu Corcel 73. Aos poucos, a família natural de Caetité (Alto Sertão baiano) conquistou os paladares soteropolitanos com receitas regionais feitas por Dona Ziti e se firmou como um dos marcos gastronômicos e de convivência do bairro da Saúde. Atualmente, os carros-chefe são o filé à parmeggiana e o malassado. A quiabada também faz sucesso. Sem falar nas batidas.
Uma das frequentadoras, a jornalista Olívia Soares lamenta a possibilidade da mudança: "É uma pena. Aos poucos (ou aos muitos), o centro de Salvador está perdendo suas principais referências. Já se foi o Moreira, agora o Armazém? Espero que haja alguma mobilização e o restaurante permaneça no lugar, podendo pagar suas contas".
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